Fui dar uma volta. e a vida deu uma volta, ví uma coruja, sentadinha no fio da rua, quietinha olhando o crepúsculo chegar, as luzes já começavam a acender no seu automático momento, senti cheiro de churrasco, ouvi os grilos e as cigarras, os telhados das casas recem construídas, abrigando os sonhos realizados, tijolos sobrepostos, que ainda guardarão mais sonhos..., janelas sem janelas, um jardim bem cuidado, e as casas muito fechadas, como as pessoas todas fechadas em si mesmas, e andei, e fui andando, celebrando o estar viva, o poder do meu movimento, o poder da minha visão, o meu olhar perdido no horizonte tão vasto, e hoje visto de outra maneira, da maneira de quem quer estar vivo, palpitando, querendo viver, senti cada movimento do meu corpo, os ombros mexendo-se na cadência do meu passo, meu quadril também, meu cérebro movimentando-se a cada passo, com um pensamento novo, cheio de esperanças, cheio de energia, meu corpo, minha casa, casa da minha alma, alma que anseia, pelo inédito, em uma tarde tão comum mas tão bela, pela vida que eu recebi, de um céu tão azul com nuances do por do sol avermelhado, e assim caminhei na busca de mim mesma, e me encontrei....
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